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O livro e composto de duas partes e os capítulos que compõem a Parte I apresentam relatos das trajetórias e focos de pesquisa de vários grupos que integram o PPGECT, revelando a riqueza e a diversidade dos caminhos de investigação e ensino do programa. E faço questão de ressaltar a palavra ensino, visto que considero ser a excelente formação que proporciona aos seus alunos, em um ambiente de cordialidade e respeito, o maior mérito do programa. A ampla aceitação dos seus egressos por instituições de várias regiões do pais, bem como as suas contribuições para o desenvolvimento da educação científica e tecnológica no Brasil, são um atestado disso. Na parte II, o livro é enriquecido com artigos de pesquisadores de outras instituições que foram palestrantes durante a I semana do PPGECT, realizada em 2017, evidenciando o movimento de produção dos seus grupos de pesquisa em diálogo com pesquisadores da área.

Neste livro as autoras nos oferecem uma narrativa viva com contribuições importantes em diversos aspectos como, por exemplo, no método de pesquisa, bem como na narrativa clara, leve, literária e rica em detalhes no estilo metafórico com que trata do nascimento, vida e morte do Desenho no Colégio de Aplicação da UFSC. Várias interrogações acerca do desaparecimento da referida disciplina na escola brasileira emergem durante a leitura. O livro é um convite para um passeio histórico por uma vereda da educação matemática brasileira.

Nesta coletânea o leitor encontrará, não um louvor àquilo que estaria à moda, ou uma delimitação de tendências à maneira daquilo que por ora se segue, mas alguns modos de pesquisar, contribuindo para a disseminação da diversidade de se pensar e pesquisar os problemas da educação (matemática e científica). Essa coletânea tem, portanto, o mérito de oferecer reflexões diferenciadas aos leitores, abordando questões sobre linguagens e práticas culturais na Educação Científica e Matemática, e acentuando tal temática como promissora e pertencente às questões mais contemporâneas na pesquisa educacional. Tanto para a Educação Matemática, quanto para a Educação Científica, o leitor poderá transitar por problemáticas ligadas às concepções, representações ou discursos que sustentam práticas do educador; às práticas, ou modos de se fazer pesquisador; às novas abordagens teóricas que sustentam e constroem uma pesquisa. Trata-se, assim, de uma publicação que atrai a atenção não só daqueles envolvidos com abordagens contemporâneas na pesquisa em Educação Matemática e Científica, mas também àqueles interessados sobre como pesquisas atuais se enredam pelos caminhos da linguagem e das práticas culturais.

Ancorando suas reflexões em uma engenhosa e muito interessante História da Arte, Cláudia Flores nos brinda com uma bela obra, falando sobre matemática, cognição, educação. Sua questão central é o reconhecimento de que a elaboração e a transmissão de saberes têm se beneficiado enormemente do recurso a imagens. Focaliza a geometria, reconhecendo a importância do olhar e da visualização na aquisição do conhecimento. Mas também reconhece o fato de que a imagem é a representação de um modo de olhar, e ressalta que esse modo de olhar é, mais que a experiência visual, regida por concepções filosóficas e epistemológicas, também uma percepção do mundo real, “fazendo tornar presente aquilo que está ausente dos olhos”. Esta frase sintetiza o que se deseja discutir no livro e antecipa a belíssima experiência que o leitor terá na sua leitura. A autora elege, como cenário de suas reflexões, a perspectiva. Essencial na emergência da pintura renascentista, a perspectiva estabelece o vínculo entre o olhar como mero processo fisiológico e o olhar como ativador do processo cognitivo e criativo. É esse olhar que todo educador espera desenvolver ao utilizar arte e desenho na sua prática pedagógica. Analisando com cuidadosa fundamentação teórica cerca de setenta obras clássicas do Renascimento, a autora conduz o leitor a uma maravilhosa viagem pelos mais importantes museus do mundo, destacando, nas obras-primas do seu acervo, o que e como olhar. Sem dúvidas será referência básica para todos aqueles educadores, particularmente educadores matemáticos, que desejam enriquecer suas aulas com reflexões sobre obras-primas da pintura mundial, estratégia das mais importantes na prática pedagógica.